sábado, 18 de dezembro de 2010

...


Na verdade foi só saudade e a sensação de não mais pertencer.
O ser – humano sente falta até daquilo que não pode ter, que nunca teve.
Ah, mas foi saudade misturada com uma pontinha de dor e de solidão.
Ah, se as horas voltassem atrás, então...
Eu faria a mesma coisa, do jeitinho de ontem, porque essa saudade...
É boa, é constante e não me deixa só.

Purgatório


Não era pra ser verdade
Na realidade
O diabo veste saias meu bem.
De unhas pintadas
Cor de carmim
Vestido curto
Cheirando a jasmim
E a pecado...
Segundos ao meu lado
Mostro teu fim.
E um começo apertado
Em nossas mãos em ato,
Pensamentos em tortura,
Leva-me as alturas,
E ao inferno em seguir.
Em seguir teus passos,
Doce candura de disfarce,
Nenhum aparate
Arranca-te mais de mim. [Não nessa noite]

sábado, 11 de dezembro de 2010

Saudade


Ver se volta,
A porta segue aberta
Esperando você voltar.
Ver se chora,
Acorda triste
Para me contar.

Que foi triste,
Quando longe estavas,
Mostra-te infeliz,
Furiosa.
Para que essa hora desastrosa,
Que resolvestes partir
Suma da memória,
E apague a cicatriz.

Mostra que se importa,
Comigo,
Por ter ficado aqui,
Sem abrigo,
Esperando você chegar.

Abre essa porta,
Com ira, amorosa....
Dizendo que me adora,
Pede perdão e implora,
Para eu te perdoar.

E eu bobo enamorado,
Recebo-te em meus braços,
E te dou todas as caricias...
Mostro-te todas as delícias...
Que um homem apaixonado
Pode mostrar.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Era uma vez


Era um moleque...
Roubava, comprava, lutava, sorria...
Pedir pão na porta da padaria,
Diversão do dia.

Era um moleque...
A rua dizia:
“Corra logo ou chamo a polícia”
E ele corria,
Afinal... Era moleque.

Sofria, pois pão não tinha,
A mãe nem sempre sadia,
Lutava em cima da cama,
Contra a miséria,
Na lama.

O pai sumiu na vida,
Nem o nome,
Da boca saia,
Nem a imagem
A retina lembrava,
Mas era o pai do moleque,
Na boca orgulhada.

Pivete, malandro,
Como todo brasileiro
Que não é santo,
O moleque lutava pra viver.
Se era justo ou não,
Não tinha como ele saber.

O moleque não sabia,
Escutava todo dia,
Só o povo falar,
Mais malandra é a vida,
Um dia ela vai te ensinar.

E o que a boca não diga,
Não se faça verdade,
Na realidade,
Era um pedaço de comida,
Com um pedaço de verdade.

Era um moleque,
Que como milhões de outros moleques
Virou a esquina
Que como milhões de outros moleques
Sofreu bala perdida,
Que como milhões de outros moloque
Morreu a míngua,
Na língua da miséria.

O povo olha e continua a vida,
Afinal... Ah, é o moleque!

Na calçada fica
O resto de comida,
Que era pra sua mãe.
Misturada com o corpo,
Chega o socorro,
E os cães.

Era pivete,
Era um brasileiro em luta pela vida,
Era moleque,
Era o retrato pintado da nação perdida.

O novo Brasil


Segundo Aristóteles (Política IV), as eleições são aristocráticas, não democráticas: Elas introduzem o elemento da escolha reflexiva, da seleção das “MELHORES PESSOAS”, os aristoi, em vez de um governo por todos.

Muito tempo se passou para que hoje pudéssemos ter direito ao voto e escolhermos o nosso representante para lutar pela garantia de nossos direitos. Muitos pensadores foram para guilhotina, muito sangue foi derramado nas ruas, muita gente sofreu fortes torturas para lutar por um direito inerente a toda a população: O direito de escolher o seu destino, o destino de seu país.
Tempo depois, sinto profunda tristeza ao ver que tanto esforço não está sendo totalmente reconhecido em nossa sociedade, a juventude que antes ia para as ruas lutar pelos seus direitos ou pelo direito dos outros, hoje fica em casa tomando coca-cola, no MSN, e escutando o: “Rebolation”
Não vejo mais nessa juventude o brilho nos olhos por justiça, a vontade de estudar, não só para passar de ano, mas para obter conhecimento.
Não vejo mais nessa juventude o respeito com o próximo, o sentimento de mudança, para essa nova juventude alienada a sensação é de “tanto faz”, de imitação, de conformismo. A criatividade vem sendo descartada, é mais fácil copiar o outro do que ter seu próprio pensamento, suas próprias atitudes.
Para ser aceito, os jovens estão se submetendo a um pensando intolerante, onde todas as pessoas devem ser iguais, seguir a mídia, a moda, ter o corpo ideal... Isso vem tomando uma proporção cada vez maior, notasse um aumento de casos de bulemia, anorexia, jovens deformados pelo o uso de anabolizantes... Quando não, MORTOS.
O ser - humano vem sendo tratado como objeto ou... Como frutas... Desprezível. Se você não acredita... Escute as músicas que hoje fazem sucesso entre os jovens: “Sou garota melancia e balanço a minha bunda”. Se ainda parecer pouco, assista aos filmes que hoje fazem sucesso onde existem mais propagandas do que conteúdo.
Se ainda assim você achar que a situação não é tão grave... Passe a noite em uma rua movimentada e veja jovens com o som do carro ligado, em um volume muito alto, com músicas de depravação, bebendo, fumando, fazendo orgias em plena via publica.
É isso que a juventude se tornou? E você me pergunta...
O que isso tem a ver com democracia? E a resposta é simples...
Em período eleitoral o que mais escuto é: “Só voto porque senão vou pagar multa, dar meu voto a esses bandidos...”
Enquanto essa visão pessimista perdurar, e o voto ser por obrigação, o Brasil nunca será um país do futuro.
É um absurdo que o voto tenha que ser obrigatório para que as pessoas possam ir as ruas, e decidam o futuro da nação.
E agora você me questiona? E o que isso tem a ver com os jovens?
E eu te respondo: TUDO.
O político do futuro está sendo formado agora, como o eleitorado. E como será o governo desses futuros políticos? Cheios de intolerância, desrespeito, pensando somente em si. Esses jovens que quebram uma lâmpada na cabeça do outro por homofobia.
E quem será o eleitorado do futuro? Com certeza um eleitorado alienado, que não vai estar nem aí para a questão política e social do seu país. Esses jovens que ficam em casa, consumindo o produto da TV, no seu mundo virtual, alienados, E a educação? E as desigualdades? Para eles, “tanto faz”, daqui a dois anos, eles irão votar em outro político que faça a melhor propaganda, que venda seu produto melhor, afinal... Não estamos votando mais por ideologia e sim por consumismo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Benevolência

Espero por meu bem,
Enquanto a chuva cai
Quero tanto bem
E a chuva aumenta mais.

Espero por meu bem,
E ela insiste em não chegar,
O que houve com meu bem?
Será a chuva que não quer parar?

O Sol vem vindo,
Vem meu bem descabelada,
A roupa molhada,
A pele esverdeada,
Pergunto:
O que foi meu bem que vens assim toda encharcada?
Diga-me bem, o que fizestes da noitada,
Enquanto sozinho te esperava?

E meu bem de cara lavada,
Responde-me sem meias palavras:
“Abriguei-me meu bem,
Pra fugir da enxurrada
Na casa de João,
João da machada,
Mas a casa fraquinha... Caiu...
A madeira não resistiu,
A chuva persistiu,
E fiquei assim,
Encharcada,
Mas com o coração na mão
Não pude deixar João
Na casa derrubada pela água. ”

Ai meu bem, 
Quanto és boa,
E és minha amada
Tão boba e solidaria,
Meu bem,
A cada dia cresce mais essas tolices,
E eu aqui pensando em...
Coisas que colocam em nossa cabeça...

domingo, 24 de outubro de 2010

Rapida


- Vai, prova-o!
Mesmo receosa ela considerou formidável.
- Vês agora?- Ela continuou- o que sente?
Com os lábios atracados na pele do outro, ela respondeu:
- O desejo é forte, a carne é fraca, o pecado está feito, porém me arrependo de não ter cometido antes, os dias passam logo, amanhã eu também serei comida, dessa vez... Pela terra.

Antes


Quando o corpo cai ao chão, todos vão investigar o motivo da queda, porém esquecem que é tarde e nada mais pode ser feito para reverter o sangue derramado, eu dei as pistas... Elas foram jogadas ao leu, assim como minhas lagrimas. Sinto-me sozinha, e somente eu sei disso. A dor que sinto também é minha, não existem culpados é só uma mente que buscou sentido demais e encontrou apenas o vazio e a hipocrisia.
Deixar se entregar pode ser a maior forma de covardia e talvez não exista solução, eu estou preste a descobrir.

Luto

- É necessario viver, e não morrer a cada momento.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Questionamento, apenas.


- Eu sempre me pergunto: Quando nos magoamos com o outro, a culpa é nossa por ter criado ilusões, expectativas... Ou do outro por ter nos feito acreditar em algo que realmente nunca existiu? Eu fico com a primeira resposta hoje, ontem eu não sabia que era responsável pelos meus atos, sentimentos, pensamentos, ilusões...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Proibido

De novo batendo em tua porta,
Já se passa das nove e teu pai vai trabalhar.
Da janela de pandora gritas:
É tarde, podem acordar!

Com o medo de um lado
E a vontade d’outro
Olho pra janela de novo
Em busca de lá te encontrar

O que vejo é tua sombra,
Fazendo resta na cortina
Com os olhinhos de brisa
Se põe a me espiar.

Meus passos,
Oh... Por que caminhas para longe de minha amada?
A qual deixei acordada, a penar.

Oh noite cruel
Derramas todo o teu fel
Em uma noite de luar

Sonha querida,
Sonha querida amada
Embora acordada
Com os beijos que não lhe pude dar.

Eu caminho querida,
Entre esquina e esquina
Pensando quando eu me juntarei ao teu sonhar.

sábado, 2 de outubro de 2010

Porto


A lógica se esvai com o vento
Do chão ao firmamento
Eu vou cantar.
Tua beleza de luz gritando
Meus ouvidos quase surdos a te escutar.

Tua beleza chorando,
E eu apreciando,
Ó tão lindo penar.

Ah, como és bela,
És minha de direito,
Onde nenhum dever se atreve a tomar.

Somente minha, te digo e te canto.
Te encanto só de falar,
O quanto és bela,
O quanto és minha,
O quanto és vida,
Minha sina.

O quanto padeço
Enquanto escrevo
Tão lindos versos
Em uma mesa de bar.

Peço uma musica,
Pura melodia,
De versos em rima
Só pra te ouvir cantar.

Amar-te, amar-te querida.
É minha sina e meu penar.

Calendário


Homem jogado ao lixo
Pensamentos vastos, em vão.
Primaveras e correntes do pacífico.
Exercitam a paciência.
São horas que se vão.
É verão,           
É passado e presente
E a hora... É agora,
O chamado, o grito
O pensamento.

Na corrida, a queda,
Derrotada
A força
Desaparecida
Em invernos
E outonos.

E choros,
Sem velas,
Nem trela
O choro sozinho
A morte prevista
A alma chagada
O homem morto
Que irônia...
É inverno.

sábado, 11 de setembro de 2010

Prólogo


Eu descobri que estava com problemas quando comecei a ver defeito em tudo, em meus amigos, em minha família, em mim, até nas pessoas que inventava para poder pensar em alguém antes de dormir, até elas... Tinham defeitos, e os piores... Os meus.
A parti daí me afastei, me afastei de mim mesma para pode ter amigos, tive que me esconder, esconder minha moral para poder aceitar o outro, mas eu não sou assim.
 A solidão me tornou uma pessoa inventada, mas isso não é hora de falar o que sinto, existem tantos problemas no mundo, e eu aqui falando do meu EU. Talvez amanhã converse com um amigo, fale com estranhos, sorria de coisas sem nexo. É apenas aquela, mais uma no meio da multidão estranha que passa.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Espiar

Doce luar, néctar dos deuses.
Escorrendo o desejo, por entre corpos
Assim... Como a natureza os criou.

Tocar de lábios,
Fúria entre os dedos.
A unificação.

Descobrir tecidos
Pele coberta com outra.
A lua nos vigia.

O medo, a fúria, o desejo.
A expressão do amor.

Fogo, fúria. Fervor.
Devorar, deliciar, devolver...
A pele minha que na tua ficou,
O amor meu que em teu peito fitei.
Os braços que contigo deixei
Abraços.

O desejo...
Esse levou comigo,
Para que eu possa buscar contigo outra noite de amor,
Sobre a luz do luar.

domingo, 11 de julho de 2010

Noves fora

Nosso, teu e meu
Em um que não se divide
A matemática da vida
Recuperação não existe.

A mágica, a lógica que imita
Soando flores unidas
Melodia.

Cor de alegria,
Gritos, sorrisos.
E quem chorou não conheceu o riso.

Grito meu, nosso e teu.
A festa da pulsação.
Harmonia de vozes.
Guia e sina.
Luz e dia.
Escuro e medo.

Ah Maria, quantas festas da vida
Onde a melodia foi tristeza.

Do alto


Descendo a ladeira.
É dia de feira,
E Maria ta lá.

Sacola na mão, menino na outra.
A feira que é pouca
Dinheiro não tem pra comprar.

Seus olhos enxergam
Miséria maior que a sua,
Nem resta, mas ela dar.
Jesus vai recompensar.

Suor e lagrima,
Tristeza e mágoa,
Apagaram a chama,
Da vela que se tinha de acender.

É o que diz, e faz Maria dizer
Dinheiro não tem pra comer,
É dia de feira, e era pra ser um dia feliz.

Mas eu vejo só do alto.
E o culpado?
Do alto me ver.

Mas é só Maria,
De vida, de sina.
E de luz apagada.



-Priscila Cavalcanti

terça-feira, 20 de abril de 2010

A outra

Sufocando ventos noturnos
O olfato denuncia as flores.
Teu cabelo de diversas cores,
Cai sobre a terra.


Os botões,
Ora de rosas, ora de teu vestido.
O qual eu fazia abrigo,
Em noites de primavera.


Esmagando as flores,
Cheirando a jasmim,
Licor de lua que banha em mim,
E em tua pele desnuda.


Maldita hora que suga,
Os perfumes assim
Lembrando-me tão amargamente
Da dor que é partir.


A de quem falei me espera,
Irei à outra noite de primavera,
Guardarei no bolso o jasmim.


Promete-me que aguardarás o outono.
Quando deixarei cair em teu ombro
O teu nome despejado em mim.


- Priscila Cavalcanti.

sábado, 3 de abril de 2010

Vita

A vida é complexa, nossa mente também é, tentamos fazer nossa vida caber em nossa mente, poucos conseguem.
Algo tão simples tem o poder de se revelar tão fascinante, misterioso, superior.
Tenho meus vícios e virtudes, construí valores que posso desfazê-los com o nascer do sol, formei juízos de valores, mudei os fatos, joguei errado e paguei pelo meu erro... E também pelo erro dos outros, realizei atos pensáveis e indispensáveis para minha construção interior, li e reli, acreditei e desacreditei no descrente, e no crente muitas vezes duvidei, chorei quando tinha vontade, ri antes da hora, tentei conhecer a mim mesmo, tentei conhecer a mente do outro. Amei... Como amei... E como me confundi ao achar que tudo era amor onde o que restava era o nada.

Por onde andei, por onde minha mente chegou além do meu corpo e do meu tempo, percebi o tamanho da importância que é o amadurecimento d’alma e a inteligência para se dar com tamanha complexidade. De nada adianta percorrer sete léguas com uma mala cheia e no ponto final não saber o que fazer com a bagagem... Enquanto corro atrás por respostas, as duvidas me perseguem.

É impressionante como alguns matam sua sede apenas com um copo d’ água, eles nunca descobrirão a sua fonte, e nem procurão descobrir. Vontade... Aquela que move o homem de acordo com os seus desejos, sejam os mais íntimos, sejam os mais sociais..

A vida, aquela que te abala, que te faz confundir sentimentos, aquela que te enlouquece, te testa, te joga em um abismo no qual você conhece o fim. Alguns a detestam, outros a amam, outros trocam de lado a cada dia, a cada boa noite, a cada beijo e a cada adeus. Quantos homens lutam para te despir, e tu te mostras cada vez mais faceira, mais vestida de duvidas.
Perde tuas vergonhas e vestes, mostra-te assim como és, mesmo que doa... Derrube sonhos e reafirme pensamentos... Não, não te mostre assim tão desnuda, e tão faltosa de pudores, cobre-te com o véu dos sonhos e da esperança para que nunca deixemos de sonhar, de desejar.

- Priscila Cavalcanti.

domingo, 28 de março de 2010

Um de dois

Da janela que vejo tua pele na sombra,
Que apavora e grita sobre os meus olhos atentos,
Esperando uma brecha, uma flecha.
E me calas afugentando minha pele da tua,
Janelas cerradas, pálpebras fechadas.
Do interior tua pele com a minha
Entrelaçada entre lençóis
Laços, lagos e luzes.
Sombras sobre tua pele homogênea,
Que cai o fel do desejo
Ardendo por entre os dedos
Tentando atravessar tua pele, e ocupar apenas uma.
A unificação de sentimentos.
Um angelical cordão que me nutre.

Priscila Cavalcanti.

domingo, 14 de março de 2010

Sacramento


E o pecado se fez carne
Na mente vil e santa.
A mão que afaga e canta
É a moral que arde.

Da luz que se fez dia
Da noite que se fez solidão
Da tristeza agora alegria
E o medo da repreensão.

Da costela se fez o pecado,
E o pecado nome ganhou.
Carmim doce amargo.

Efêmero desejo de um lado
Que na mente ficou,
E a carne enterrou.

- Priscila Cavalcanti

Pedido


Não digo que vais me encontrar sobre a mesma lua,
Aquela lua que foi minha e tua já se desfez.
Não digo que vais me encontrar como se fosse só tua,
Tua eu era quando teu desejo me pertencia.
Quando fores buscar-me,
Busque-me no abismo que caímos
Ou nas coisas que deixamos para trás
Quando resolveres buscar-me
Querida, não me busque, procure paz.

Se tu me procuras deve haver um motivo,
Quem  te manda procurar, não sei.
Só sei que não te quero mais agora,
Nem outrora, não quero sentir outra vez.
Ela me enroscava sobre seu manto de seda,
E eu aceitei.
Caímos juntas mais uma vez.

Apareces calada,
Assim como o vento bate na água,
E água por sua vez recua,
Mesmo sendo mais forte.
O vento faz o mar ter inconstantes ondas,
E tu me faz viver inconstante, sempre.
Assim como o mar.
Desde já deixo um pedido,
Ó tão vil e perversa
Tu que provocas medo nos homens
Tu que andas por aí calada
Nas mentes, nos corações,
Tu que acredita ser lúcida e correta,
Sem imperfeições.
Deixe-me em paz,
Por mais que queira buscar-me,
Não me busque!
Deixe-me viver a tua sombra,
Mas não ao teu lado,
Deixe-me apenas te conhecer,
Para saber que devo manter-me afastada, sempre.
Pena que não me escutas.

- Priscila Cavalcanti.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Carnaval










A alegria desce à rua com fitas coloridas
A marchinha murcha em pés desatentos
Ou nem tão desatentos assim.
A menina lá de cima grita: É carnaval!

Cores e serpentinas,
Pierrot e Colombina,
O sol marca dez da matina,
E ainda gritam: É carnaval!

Beijos descem a ladeira,
O suor escorre como cera,
A alegria é pó que brilha.
Correndo, e é carnaval.

Se a criança chora,
Se o povo grita...
Ninguém se importa
É carnaval!

Chove à noite e a festa não para,
A quarta brinda o fim da noitada,
E é o fim do carnaval.

sábado, 6 de março de 2010

Diretas

A falta de algumas coisas, que agora prefiro não citar, é fatal para tomarmos certas decisões. Algumas vezes, quando temos muita sorte acertamos na escolha, mas em outras vezes... Dar vontade de enfiar uma faca na cabeça pra ver se tem algo lá dentro.
Enfim, erramos varias vezes, muitas mesmo, sempre na tentativa de acertar, ou de se afogar, sei lá.
Mas se isso deixa algo bom é que de certa forma você conhece mais as pessoas, e acaba descobrindo formas diferentes para lidar com elas. É impressionante como algumas pessoas aparentam, mas não tem nada para oferecer, nada mesmo, até uma criança de cinco anos tem mais conteúdos para te passar do que elas. Acaba sendo até um tipo de humor negro isso, não sei se sinto pena ou se sorriu, pois é... Com a maturidade você aprende a nem sorri nem sentir pena, você aprende uma palavra chamada “indiferença”. Concluindo... Classificação para essas pessoas: fúteis ao extremo.
Contudo existem pessoas que te fazem ficar pasmas, nem tanto por sua capacidade intelectual e cultural, mas por serem pessoas tão novas, e já trazerem com sigo conceitos prontos, que às vezes eu até discordo, mas aprendo a respeitar. Pessoas tão novas que tem um conhecimento de mundo surpreendente, que sabem parar em um dia totalmente agitado, olhar pra cima e fazer poesia disso. Pessoas que trabalham a mente como ninguém, pessoas que sabem ir da loucura até a mais perfeita lucidez sem perder o rumo, são essas as pessoas que admiro e que tenho mais profundo respeito. Essas pessoas estão por aí no mundo, em lugares mais diversos possíveis, enquanto elas existirem minha luta não vai ser em vão, enquanto existirem essas pessoas sempre haverá esperança, sempre!

- Priscila Cavalcanti.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Condicional

E se fosse tempo ninguém sentia dor,
E a cor que sorria na tua face era apenas minha.
Se fosse triste, ninguém era feliz.
Felizes dizem que são, e eu apenas ouço.
Que quando toquei tua pele em cor de mel
Ameaçada pela força do desejo,
Que quando gritei teu nome,
Alegria eu era em noite de solidão.
E carmim que brilhava era mais puro,
De laço que se rompeu,
E confuso o vento adormeceu,
Em tua pele e minha.
E se tivesse cor,
Colorida era à noite,
E todo dia era carnaval,
E a alegria era mostrada escondendo a felicidade.
E se fosse verdade
Hoje a verdade matéria era,
E se fosse matéria
eu aprendia
Só pra ter, todos os dias, e dias...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

De passagem

Para novos e ancestrais amores,
Canto a canção do adeus.
No solo secam as flores,
E as luzes que tinham olhos teus.

Não digo que tua é minha culpa.
Esparramada, engatilhada,
Solitária e culpada.
Intensa e dura, paixão de jornada.


De olhos desesperados.
Boca tua na minha, calados.
Hoje correm as lágrimas de um lado
As mesmas do fogo apagado.

Contradições que atenuam ilusões.
Sonho momentâneo, intenso.
Confiável, adjetivo raro
Para quem vive uma vida em um segundo
Paixões são milésimos

Canto o adeus chorado,
E agora aliviado.
De lembranças é feito o passado.
O presente com um laço
Em tua boca amarrado.

Gritos, sussurros calados.
Que moram agora em lembranças.
O mar de saudades agoniado.

Minhas ondas,
Minhas esperanças,
Cantadas ao vento.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Desabafo Vespertino

Eu lembro quando o sol era fresco, e as flores resplandeciam as luzes, quando eu tinha você e tudo me parecia mais seguro.
Quantas vezes em tão pouco tempo cai ao teu lado, e quantas vezes você caiu ao me lado também.
Pois é amor, nós carregamos um ao outro por um longo tempo, e confesso que me acostumei com isso.
Bem, não sei quem está partindo agora, sei que estou me partindo ao meio desejando que minha outra metade ficasse contigo.
E se o impossível se tornou possível por esse tempo, aconteceu só porque eu estava contigo. E se hoje eu enxergo o mundo de outra forma... Agradeço-te por isso.
Não vou te falar que de agora em diante tudo será escuro para mim, como se você tivesse levado o meu sol, também não posso te falar que não sentirei mais o perfume das rosas.
Mas posso te afirmar que nunca mais olharei para o céu como olhava ontem e via só sinais do bom tempo, hoje vejo chuvas tempestivas querido.
As rosas não têm mais aquele cheiro de vinho embevecido com perfume, os pássaros não cantaram mais aquela canção que só nós ouvíamos.
Algumas lembranças suas ainda me fazem rir, como aquela sua conversa sem nexo, aqueles seus papos infantis que eu tanto conhecia, aquele modo que você me olhava quando não gostava de algo, enfim... Eu tenho medo que esse maldito tempo leve as coisas que não quero perder, nunca.
Pois é querido, o tempo passou e nossa situação se tornou um pouco complicada, não nos partimos por causa de uma batalha, mas porque a guerra acabou tendo muitas perdas, mais do que eu esperava, e acho que você também.
Íntimos que éramos, hoje nos tornamos apenas estranhos, dois estranhos que tem em comum o desejo de permanecerem juntos, para sempre, mesmo sem saber quanto tempo esse ‘para sempre’ possa durar.
Entristece-me saber que a nossa ideologia foi maior que o nosso amor.
Você seguirá seu caminho, e eu seguirei o meu. Um dia pela força do destino ou só para maltratar mais os nossos corações nos veremos por aí, e então não conseguiremos mais enxergar nossas almas, como acontecia antes... Os estranhos agora se tornaram cegos.
Mas eu continuarei te amando ao sentir a ausência do vinho nas rosas.

- Priscila Cavalcanti;