sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Desabafo Vespertino

Eu lembro quando o sol era fresco, e as flores resplandeciam as luzes, quando eu tinha você e tudo me parecia mais seguro.
Quantas vezes em tão pouco tempo cai ao teu lado, e quantas vezes você caiu ao me lado também.
Pois é amor, nós carregamos um ao outro por um longo tempo, e confesso que me acostumei com isso.
Bem, não sei quem está partindo agora, sei que estou me partindo ao meio desejando que minha outra metade ficasse contigo.
E se o impossível se tornou possível por esse tempo, aconteceu só porque eu estava contigo. E se hoje eu enxergo o mundo de outra forma... Agradeço-te por isso.
Não vou te falar que de agora em diante tudo será escuro para mim, como se você tivesse levado o meu sol, também não posso te falar que não sentirei mais o perfume das rosas.
Mas posso te afirmar que nunca mais olharei para o céu como olhava ontem e via só sinais do bom tempo, hoje vejo chuvas tempestivas querido.
As rosas não têm mais aquele cheiro de vinho embevecido com perfume, os pássaros não cantaram mais aquela canção que só nós ouvíamos.
Algumas lembranças suas ainda me fazem rir, como aquela sua conversa sem nexo, aqueles seus papos infantis que eu tanto conhecia, aquele modo que você me olhava quando não gostava de algo, enfim... Eu tenho medo que esse maldito tempo leve as coisas que não quero perder, nunca.
Pois é querido, o tempo passou e nossa situação se tornou um pouco complicada, não nos partimos por causa de uma batalha, mas porque a guerra acabou tendo muitas perdas, mais do que eu esperava, e acho que você também.
Íntimos que éramos, hoje nos tornamos apenas estranhos, dois estranhos que tem em comum o desejo de permanecerem juntos, para sempre, mesmo sem saber quanto tempo esse ‘para sempre’ possa durar.
Entristece-me saber que a nossa ideologia foi maior que o nosso amor.
Você seguirá seu caminho, e eu seguirei o meu. Um dia pela força do destino ou só para maltratar mais os nossos corações nos veremos por aí, e então não conseguiremos mais enxergar nossas almas, como acontecia antes... Os estranhos agora se tornaram cegos.
Mas eu continuarei te amando ao sentir a ausência do vinho nas rosas.

- Priscila Cavalcanti;