quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O parto


Eu te deixo aqui
Como uma mãe que abandona suas crias.
Esperanças que me leve ai, que não me deixei aqui,
Que não me deixes ir.

Eu te deixo como um parto,
Levando o cordão umbilical e a dor.
Eu te deixo, simplesmente parto.
Ato falho , inconsciente lapso.

Te deixo , e lá do alto  vejo a imensidão da dor de fugir.
Eu te deixo ir.
Agora me deixes partir, fala que preciso andar
Eu vou lá,
Talvez nem volte a sorrir.
Mas é preciso ir, me parir, renascer, crescer, partir e te esquecer.
É preciso ir.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Rosário


Teu rosto ateu cheio de fé, meus olhos deístas.
Teu olhar cético como o redentor.
Teu pé entrelaçado em meu pé,
Nosso arpoador escondendo-se nos lençóis.

Teu suor escorrendo em meus seios,
Teus dedos entre meus cabelos,
Teu desejo tão fugaz,
Meu ensejo de em teus olhos encontrar paz.

Teu corpo era Deus,
Meu templo abria-se para tua chegada.
Minha boca gritava que era tua,
Era tua e apenas tua,
Nua como o templo que derrubastes,
Como o arpoador que desfizestes,
Meus olhos, então, pagãos. 

Líquida


Minh'alma de chagas escorre entre teus dedos,
Dedilhando as notas,
Afagando o peito, esquecimento.

Minh'alma escorre entre notas e dedos,
Minha' alma sem jeito,
Denota todos os movimentos
Minh'alma com medo
Sofre o ausente acalento.

Minh'alma implora
Pelos dedos teus,
Minh'alma chora a canção do adeus.
Minh'alma que é tua. 

sábado, 14 de abril de 2012

Carrancudo

E dizem que a vida é arte dos encontros. Dizer que não quero encontrar é subtrai-la? Que a esmaguem, que esmaguem a pós-modernidade. Idade, que os anos os leve, e levem consigo essas trivialidades que encontro na estrada. Um estranho estrangeiro pervertido por mesmices, babaquices... Quem dirá Clarice, com suas impostoras frases de cartão postal.
Não acredito que toda mudança carregue consigo um bom espírito, apesar de bom e mau ser tão relativo... Posso ser o pacote deixado fora da linha, perdido. O trem segue com as copias, com as copias, com as copias, com as copias... Eu sou o pacote deixado em uma estação. 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Use Somebody

Mesmo que doa, a verdade; Mesmo que mate, a verdade; Mesmo que acabe, a verdade.
Mesmo que as ilusões viciem.
Dependendo do sol, de mim e só. Só aquele cobertor fino que te aqueceu friamente enquanto a lenha acabou, o fogo apagou.
Que prazer mais egoísta de ocupar todos os lugares de um ser, só pra esquecer, só pra satisfazer.
A noite não perdoará, a ferida demorará a sarar, mas um dia passa, tudo passa, mas a verdade sempre será eterna, mesmo que escondida dentro daquelas noites.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Conversas de fim da tarde

Por que foges assim tão depressa? Não sabe que a pressa, se apressa pra não nos permitir?
Por que te castigas? O castigo é conversa dos deuses, são as grades invisíveis para nos reprimir.
Então tu me perguntas, em um gozo de vontade de me corrigir:
- E por que amas assim? Não sabe que esse velho e bobo amor, um dia te fará cair?
E eu te respondo: Não preciso fugir, o castigo não há de vir. Porque só quem vive e acredita no amor, sabe que por mais que ele te faça cair, por mais que ele te faça sofrer, ainda é amor. E eu prefiro cair por amor, do que as grades para me proteger. Permitir-se cair, já é amor, o amor é liberdade.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Espelho

Tentando ficar cego em um mundo colorido
Enxergando sozinho o preto e branco das janelas,
Elas gritam para eu me afastar,
Eu a ouvir gritar, e era tarde.

Eu escutei em um minuto
todas as verdades sobre o mundo,
Eu não queria saber.

Eu lutei sozinho contra esse óculos
de lente límpida como um poço escuro
cheio de lama e rancor.

Eu fui procurar pelo mundo,
Que estava escondido atrás dos olhos,
Dos velhos olhos,
Que hoje quero cegar.

Eu fui, eu ouvi, eu fiquei,
Eu sofri, eu amei, eu chorei,
Eu sorri, eu gritei, e ecoei:  É apenas eu!

sábado, 23 de julho de 2011

Prisão

A solidão é ferida ardendo,
Vou tentando sobreviver ao gelo.
Vou escrevendo entre mentiras e trapaças
Entre verdades cavernosas,
Vou andando nessa noite tortuosa,
Torturando entre o ter e a falta.
Entre o nada e a vaga lembrança de tudo.

A imaginação ajuda a aquecer,
A loucura tenta disfarçar e diz que tudo é leve, é doce.
Como se fosse só,
Como se eu fosse só,
Como se eu fosse o sol com as chamas apagadas.

domingo, 12 de junho de 2011

Relato

Relatando o escuro e o medo,
Seguindo as vestes da sombra que me assola o peito
Destrói a alma,
Grita escondida, calada...
Com medo do tudo, com medo do nada.

O tudo virando nada,
O tudo virando alma
A alma vazia de nada
E cheia de tudo.

O peito gritando em brasa
O pensamento em tortura mata,
Esgaça, esfola, implora, chora,
Os pensamentos em tortura gritam.

Relatando o escuro e medo
De uma noite de vazia
Que me enchi logo de tudo
Para não morrer
Para ser feliz, um segundo
Em viver. 

domingo, 15 de maio de 2011

(...)

Não dê tanta importância assim, tudo que eu tenho é medo de te perder pra essas lembranças que ainda te afetam, mesmo que de forma negativa.
Essas lembranças, as quais, nunca poderia competir, pois elas pararam no tempo, e eu sigo arriscando a cabeça todos os dias.
E eu fico assim,  querendo beber de uma vez a ultima dose de felicidade que resta na garrafa. Querendo a garantia de um pra sempre, querendo te prender a mim e tornando todo o externo ameaça.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O despertar

O sol nascendo aos pouquinhos,
Corre que lá do mar ele vai surgir.

Aquela bola de fogo,
Nós podemos pegar,
Apenas...
Dê-me sua mão.

Corre...
Vem ver o que ele está dizendo,
O dia está amanhecendo
E você insisti em dormir.

Vem sentir,
Vem sentir o calor que brota aos pouquinhos,
Bem de leve,
De mansinho,
Nos convidado a desenrolar.

E o dia vem chegando,
Vem passando,
Vem amar.

Ah, como é lindo esse seu sorriso,
Por detrás desse seu jeitinho
Tantas coisas a desvendar.

Ah, como é bom à vida assim juntinho...
Eu e você,
O Sol e o mar.

domingo, 3 de abril de 2011

Sombra


Estamos atravessando o sol,
Nós não notamos que nossos pés queimam.
Para você estamos apenas atravessando o sol,
E finjo não sentir toda a chama.

Para você a lua é um lugar frio,
Difícil de ser conviver,
E eu finjo não ser a lua.
Às vezes você acredita
Outras vezes você percebe que há algo errado.

Eu estou entrando de novo
De olhos fechados.

Você está limpa.
Não é um jogo, mas ontem eu estava farto.
Hoje eu te desejo.
Não é um jogo,
São sentimentos...
Eu não sei brincar,
Não posso deixar a máscara cair.

sábado, 5 de março de 2011

Levando


Sem motivos pra alegria nem tristeza, vou levando assim... Meio esquerdo, meio direito, tentando acertar, mas esperando o erro.
Enquanto vejo os carros que voam na estrada, vou lembrando... Lembrando das pessoas que conheci, dos meus melhores momentos, dos piores também... Procuro não lembrar de você para manter essa paz inventada que serve como um cobertor fino em noite de inverno.
Olho o céu, e ele está no mesmo lugar, diferente das pessoas... Algumas perdi para morte, algumas perdi por medo de atravessar a rua, algumas, algumas me perderam... E isso é o que eu não preciso lembrar hoje.
Prefiro olhar para o céu, lembrar de momentos inventados que passei ao teu lado, fecho a janela, me viro... E coloco um cobertor que me aqueça o corpo, enquanto minha alma segue fria...

sábado, 1 de janeiro de 2011

1° tempo


Te amarei, te amarei por essa noite, brincarei em teu corpo, te alucinarei com frases prontas sussurradas em teu ouvido docemente como o vento. Entrelaçarei tuas pernas com minhas pernas formando tranças em transas noite à dentro. Chorarei em teu ombro, contarei historias inventadas para que tenhas pena de mim, roubarei tua alma e teu coração, essa noite tu não mais esqueceras... Mas com o sol aparecendo de mansinho na janela, deixa o recado que deves ir, buscar outra pra dormir, pra te consumir mais ou melhor do que já fiz essa noite.
Não posso te guardar pra mim, não posso te ter, nem te possuir por mais de uma noite, os sentimentos estragam tudo e não quero estragar esse momento de amor, mentiras e prazer. Minha vida é feita de momentos, e no intervalo deles eu sou triste, sozinha e aquelas historias inventadas em teu ombro se fazem verdade na palavra solidão... Tu não suportarias... Dizem que somos mais fortes quando estamos juntos, e isso se faz verdade em minha dor, ela se faz inseparável de mim para que eu não possa dividi-la com mais ninguém. Ela me possui assim como te possuí essa noite.
Mas esquece isso, tem um pouco mais de pena de mim, deixa chorar mais um pouco em teu ombro, e te dar caricias, te dar amor, antes que o sol chegue e ilumine quem verdadeiramente sou. Deixa esconder-me entre teus cabelos negros, pois neles sempre é noite.

sábado, 18 de dezembro de 2010

...


Na verdade foi só saudade e a sensação de não mais pertencer.
O ser – humano sente falta até daquilo que não pode ter, que nunca teve.
Ah, mas foi saudade misturada com uma pontinha de dor e de solidão.
Ah, se as horas voltassem atrás, então...
Eu faria a mesma coisa, do jeitinho de ontem, porque essa saudade...
É boa, é constante e não me deixa só.

Purgatório


Não era pra ser verdade
Na realidade
O diabo veste saias meu bem.
De unhas pintadas
Cor de carmim
Vestido curto
Cheirando a jasmim
E a pecado...
Segundos ao meu lado
Mostro teu fim.
E um começo apertado
Em nossas mãos em ato,
Pensamentos em tortura,
Leva-me as alturas,
E ao inferno em seguir.
Em seguir teus passos,
Doce candura de disfarce,
Nenhum aparate
Arranca-te mais de mim. [Não nessa noite]

sábado, 11 de dezembro de 2010

Saudade


Ver se volta,
A porta segue aberta
Esperando você voltar.
Ver se chora,
Acorda triste
Para me contar.

Que foi triste,
Quando longe estavas,
Mostra-te infeliz,
Furiosa.
Para que essa hora desastrosa,
Que resolvestes partir
Suma da memória,
E apague a cicatriz.

Mostra que se importa,
Comigo,
Por ter ficado aqui,
Sem abrigo,
Esperando você chegar.

Abre essa porta,
Com ira, amorosa....
Dizendo que me adora,
Pede perdão e implora,
Para eu te perdoar.

E eu bobo enamorado,
Recebo-te em meus braços,
E te dou todas as caricias...
Mostro-te todas as delícias...
Que um homem apaixonado
Pode mostrar.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Era uma vez


Era um moleque...
Roubava, comprava, lutava, sorria...
Pedir pão na porta da padaria,
Diversão do dia.

Era um moleque...
A rua dizia:
“Corra logo ou chamo a polícia”
E ele corria,
Afinal... Era moleque.

Sofria, pois pão não tinha,
A mãe nem sempre sadia,
Lutava em cima da cama,
Contra a miséria,
Na lama.

O pai sumiu na vida,
Nem o nome,
Da boca saia,
Nem a imagem
A retina lembrava,
Mas era o pai do moleque,
Na boca orgulhada.

Pivete, malandro,
Como todo brasileiro
Que não é santo,
O moleque lutava pra viver.
Se era justo ou não,
Não tinha como ele saber.

O moleque não sabia,
Escutava todo dia,
Só o povo falar,
Mais malandra é a vida,
Um dia ela vai te ensinar.

E o que a boca não diga,
Não se faça verdade,
Na realidade,
Era um pedaço de comida,
Com um pedaço de verdade.

Era um moleque,
Que como milhões de outros moleques
Virou a esquina
Que como milhões de outros moleques
Sofreu bala perdida,
Que como milhões de outros moloque
Morreu a míngua,
Na língua da miséria.

O povo olha e continua a vida,
Afinal... Ah, é o moleque!

Na calçada fica
O resto de comida,
Que era pra sua mãe.
Misturada com o corpo,
Chega o socorro,
E os cães.

Era pivete,
Era um brasileiro em luta pela vida,
Era moleque,
Era o retrato pintado da nação perdida.

O novo Brasil


Segundo Aristóteles (Política IV), as eleições são aristocráticas, não democráticas: Elas introduzem o elemento da escolha reflexiva, da seleção das “MELHORES PESSOAS”, os aristoi, em vez de um governo por todos.

Muito tempo se passou para que hoje pudéssemos ter direito ao voto e escolhermos o nosso representante para lutar pela garantia de nossos direitos. Muitos pensadores foram para guilhotina, muito sangue foi derramado nas ruas, muita gente sofreu fortes torturas para lutar por um direito inerente a toda a população: O direito de escolher o seu destino, o destino de seu país.
Tempo depois, sinto profunda tristeza ao ver que tanto esforço não está sendo totalmente reconhecido em nossa sociedade, a juventude que antes ia para as ruas lutar pelos seus direitos ou pelo direito dos outros, hoje fica em casa tomando coca-cola, no MSN, e escutando o: “Rebolation”
Não vejo mais nessa juventude o brilho nos olhos por justiça, a vontade de estudar, não só para passar de ano, mas para obter conhecimento.
Não vejo mais nessa juventude o respeito com o próximo, o sentimento de mudança, para essa nova juventude alienada a sensação é de “tanto faz”, de imitação, de conformismo. A criatividade vem sendo descartada, é mais fácil copiar o outro do que ter seu próprio pensamento, suas próprias atitudes.
Para ser aceito, os jovens estão se submetendo a um pensando intolerante, onde todas as pessoas devem ser iguais, seguir a mídia, a moda, ter o corpo ideal... Isso vem tomando uma proporção cada vez maior, notasse um aumento de casos de bulemia, anorexia, jovens deformados pelo o uso de anabolizantes... Quando não, MORTOS.
O ser - humano vem sendo tratado como objeto ou... Como frutas... Desprezível. Se você não acredita... Escute as músicas que hoje fazem sucesso entre os jovens: “Sou garota melancia e balanço a minha bunda”. Se ainda parecer pouco, assista aos filmes que hoje fazem sucesso onde existem mais propagandas do que conteúdo.
Se ainda assim você achar que a situação não é tão grave... Passe a noite em uma rua movimentada e veja jovens com o som do carro ligado, em um volume muito alto, com músicas de depravação, bebendo, fumando, fazendo orgias em plena via publica.
É isso que a juventude se tornou? E você me pergunta...
O que isso tem a ver com democracia? E a resposta é simples...
Em período eleitoral o que mais escuto é: “Só voto porque senão vou pagar multa, dar meu voto a esses bandidos...”
Enquanto essa visão pessimista perdurar, e o voto ser por obrigação, o Brasil nunca será um país do futuro.
É um absurdo que o voto tenha que ser obrigatório para que as pessoas possam ir as ruas, e decidam o futuro da nação.
E agora você me questiona? E o que isso tem a ver com os jovens?
E eu te respondo: TUDO.
O político do futuro está sendo formado agora, como o eleitorado. E como será o governo desses futuros políticos? Cheios de intolerância, desrespeito, pensando somente em si. Esses jovens que quebram uma lâmpada na cabeça do outro por homofobia.
E quem será o eleitorado do futuro? Com certeza um eleitorado alienado, que não vai estar nem aí para a questão política e social do seu país. Esses jovens que ficam em casa, consumindo o produto da TV, no seu mundo virtual, alienados, E a educação? E as desigualdades? Para eles, “tanto faz”, daqui a dois anos, eles irão votar em outro político que faça a melhor propaganda, que venda seu produto melhor, afinal... Não estamos votando mais por ideologia e sim por consumismo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Benevolência

Espero por meu bem,
Enquanto a chuva cai
Quero tanto bem
E a chuva aumenta mais.

Espero por meu bem,
E ela insiste em não chegar,
O que houve com meu bem?
Será a chuva que não quer parar?

O Sol vem vindo,
Vem meu bem descabelada,
A roupa molhada,
A pele esverdeada,
Pergunto:
O que foi meu bem que vens assim toda encharcada?
Diga-me bem, o que fizestes da noitada,
Enquanto sozinho te esperava?

E meu bem de cara lavada,
Responde-me sem meias palavras:
“Abriguei-me meu bem,
Pra fugir da enxurrada
Na casa de João,
João da machada,
Mas a casa fraquinha... Caiu...
A madeira não resistiu,
A chuva persistiu,
E fiquei assim,
Encharcada,
Mas com o coração na mão
Não pude deixar João
Na casa derrubada pela água. ”

Ai meu bem, 
Quanto és boa,
E és minha amada
Tão boba e solidaria,
Meu bem,
A cada dia cresce mais essas tolices,
E eu aqui pensando em...
Coisas que colocam em nossa cabeça...