segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Pianista

Buscando no nada algo que me complete. Buscando na dor algo que me faça recuar, algo que eu possa sentir antes do vazio. O vazio é o que deixa tudo mais escuro, tão difícil de enxergar quando não se tem nada pra ver. E por mais que a beleza procurada esteja distante, é o que eu consigo. Isso é o que me vai fazer completa por alguns segundos.
E em cada letra, parece que a dor é passada para o papel, o toque de uma letra cai como a nota de um piano. Um pianista deve está de acordo com o ritmo, mas de nada vai valer se ele não mostrar para si o verdadeiro motivo de notas em seqüência.
Sonhos foram destruídos, paixões acabadas, os gritos de socorro na madrugada se desfez com a perda da ilusão. E tudo que eu buscava, em tudo que clamava, parece que se funde em nada então. Então peço que não me atormente, em busca de perfeição, é tudo que eu posso mostrar agora.
Tento pensar em destino, em sina, em algo previsto. Atormenta-me a idéia dos acasos, e me confunde a idéia de ter sua vida toda pronta antes de ser realmente entregue a você.
A nota escondida da melodia só pode ser apreciada da forma correta pelo pianista. No entanto ele apresenta sua canção para o publico aflito, esperançoso, poucos amigos. Eles estão prestes a criticar, pois não acharam a nota escondida. Eles não conseguiram ver a chave da canção, e se você souber, por favor... Não conte! Tudo que é misterioso nos leva a incansável busca pelo entendimento, nem que seja parcial da canção, assim ela é tocada mais vezes, assim o pianista pode se contentar ao pensar que pode curar além de suas próprias feridas, as feridas de quem ouvem a nota escondida.
E os sentimentos vão conforme a melodia, eles te tocam, assim como o pianista pressionou o piano e sua mente em busca do melhor léxico, da melhor nota.
Seu cobaia, seu coração!
Ninguém na verdade saberá o que estava escondido. Ele encerra a canção pensando em ter preenchido o vazio do momento anterior, enquanto isso sonhos e duvidas se misturam com a notas, seu ápice o sentimento, sua desilusão a sua 1ª leitura. O sangue da canção pronta, ainda escorre por entre seus dedos, e ele tenta não se prender a ele, mas manter a mesma linhagem, o mesmo tipo. Seu coração informa que é tempo de parar, seus dedos estão fatigados de notas repetitivas em busca de perfeição, agora o momento mais esperado, o publico pode está de ouvidos cansados, ou pode está atento pelo desfecho das notas, ele mantém mais um segredo, mais um mistério, e encerra por aqui a canção.

- Priscila Cavalcanti.