domingo, 2 de agosto de 2009

Óculos Escuros

A magia de um ser se estabelece com uma relação no mistério, no improvável, no inesperado. Aquilo que se torna rotineiro para nós acaba se tornando simples e demasiadamente chato. Já aquilo que para nossos olhos é desconhecido, acaba por sua vez tocando o coração de alma transparente, você não vê, mas quem pode confiar em uma visão tão limitada a dos nossos olhos, que por sua vez nos mostram apenas corpos materiais, pobres olhos que se esqueceram de amadurecer, porém ao mesmo tempo transmite a alma pura de cada ser. Contradição essa não?
Às vezes colocamos os óculos escuros na tentativa de disfarce da alma, nos tornamos apenas meros observadores do material, e passamos a ser meros objetos de observação completamente sem alma.
E pergunto-me sempre, por que em tantas horas das nossas vidas preferimos colocar os óculos para disfarçar a alma? Será que a alma que habita em nosso ser é tão impura, indigna de ser mostrada? Por que em tantas situações rotineiras acabamos usando uma mascará para a alma?
É tão belo ver com o coração, que apenas simples rotinas acabam se tornando mágicas e prazerosas dádivas do cotidiano. Precisamos de muito pouco, apenas de tirar a mascará de nossa alma e deixá-la aparecer cheia de brilho, encanto, mistério... Mesmo que ela esteja ferida, ou ainda suja, será mais fácil de consertá-la, ou limpa-lá deixando-a aparecer, o sol assim terá mais facilidade de tocá-la retirar toda a tristeza, retirar as lagrimas que caíram em dia chuvosos e fazer de tudo isso um grande arco-íris contra a solidão.
Basta um simples gesto, ao sair de casa hoje, retire seus óculos e sinta o sol bater e sua alma. Pode ser que no começo sua visão reclame querendo permanecer na escuridão, mas logo ela se acostuma com a luz, por enquanto... Olhe com o coração.

- Priscila Cavalcanti.

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