domingo, 26 de julho de 2009

Lua crescente

E lá está ela, deslumbrante, anunciada por todos, vista por todos, iluminando mais uma noite. Tão bela ao iluminar o céu, tão bom embalo para os corações apaixonados, tão boa desculpa para os lunáticos, tão boa pesquisa para os cientistas... Tão boa companheira para os solitários, e os que restam à esperança.
De beleza espetacular, de iluminação deslumbrante, pura e sensual, despertando desejos de mais belos e profundos olhares, minha doce, e querida lua, que por mais bela que pareça não esconde seu ar de solidão.
A noite escura contrasta com seu belo corpo, e mostra o vazio que penetra em sua alma, tenta mudar e se mostra nova, tenta esconder e se mostra minguante, tenta disfarçar e se mostra cheia... Tenta ser melhor e se torna crescente.
Despertando em nós, meros admiradores, as meras crianças, é o que somos nós perto de tanta beleza, de tanto encanto, mostrado por ela.
Tento decifrar o que diz sua imagem, tento decodificar o que diz sua alma, tento entender a mensagem pura e sincera que ela traz.
E se ela um dia chegasse a falar com palavras, tenho certeza que não pedia nada além de um amigo, de um ser, de uma segurança que estivesse junto a ela iluminando a noite dos apaixonados, dos admiradores, dos lunáticos, ou até mesmo dos solitários, que nem ela.
E partir daí o sentimento era diferente, em sua alma pura, ficaria a mostra o sentimento da felicidade, não precisaria mais disfarçar, sempre queria ser a melhor, ela estava crescendo, crescente... Sempre!
E nós olhamos para ela e dizemos: que bela noite, que bela lua!
E ela nos reponde com um singelo sorriso de gratidão apertado por uma face marcada pela tristeza. Se a felicidade é tão bela, por que buscamos seres tristes para representar momentos reflexivos?
São duvidas, duvidas, parece que a tristeza leva a uma indagação constante em relação ao nosso verdadeiro papel aqui neste mundo.
E nos fingimos de cegos diante das perguntas, e achamos que perguntas como essas são para fracos, derrotados, amargurados, fechamos os olhos, decidimos não ver o que está em nossa frente escrito em letra grande no roteiro da vida.
E continuamos a levar nossa vida, sempre sentindo falta de algo, que a todo custo tentamos recompensar com pessoas, objetos, dinheiro... E não sabemos na verdade o que falta, é mais fácil não saber, é mais fácil negar, é mais fácil deixar.
E ela continua lá, sabendo o que realmente faz falta, e ela prefere não saber, negar, e apenas iluminar mais uma noite de lua crescente.

- Priscila Cavalcanti;

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